A disposição de luta é grande e todos estão decididos a resistir até que Lula seja colocado em liberdade
Fonte: CUT
Enquanto o ex-presidente Lula enfrenta em uma solitária a fúria daqueles que não aceitam o legado de seu governo, que tirou milhões de brasileiros da fome e da miséria, milhares de Lulas espalhados pelo Brasil seguem na resistência em solidariedade à maior liderança popular do país.
Além de atos de desagravo, cartas de apoio, panfletagens, carreatas e diálogo com a população, a militância organizou mais dois acampamentos em defesa de Lula e da democracia. Agora, além de Curitiba, no Paraná, em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal, acampamentos Lula Livre estão instalados também em Fortaleza, na Praça Murilo Borges, e em Brasília, no estacionamento do ginásio Nilson Nelson.
Na capital cearense, o acampamento permanece por tempo indeterminado, com atividades todos os dias. Atos, tribunas livres, aulas públicas, oficinas, plenárias e atrações culturais estão sendo organizadas diariamente pelos movimentos populares de mais de 100 municípios do estado que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
O número de pessoas acampadas de forma fixa na praça, mais conhecida como Praça da Justiça porque fica em frente à sede da Justiça Federal, gira em torno de 400 militantes. Esse público aumenta durante o dia devido às centenas de pessoas que circulam pelo acampamento para participar da intensa agenda de programações. No acampamento, é possível escrever também cartas para o presidente Lula.
Segundo Josivaldo Oliveira, da Via Campesina e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a disposição de luta é grande e estão todos muito animados a resistir até que Lula seja colocado em liberdade.
“O povo de Fortaleza tem sido bastante solidário e isso nos anima ainda mais a lutar por Lula”, disse.
“A todo o momento recebemos doações de pessoas ligadas aos nossos movimentos e da população em geral. Chegam aqui alimentos, material de higiene e água”.
A expectativa é de que o acampamento mantenha cerca de 400 pessoas dormindo no local até a próxima semana, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá avaliar as duas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) que tratam da legalidade da prisão após condenação em segunda instância, como é o caso do ex-presidente Lula, que cumpre decisão judicial antes mesmo da conclusão do processo que responde (sem crimes nem provas) em todas as instâncias da Justiça, como prevê a Constituição.
Já o acampamento de Brasília, organizado pelo movimento unitário do campo, como Contag, Contraf-Brasil, MST e MAB, teve mais dificuldade para ser instalado. A estrutura do Acampamento Lula Livre em Brasília era para ter sido erguida na quarta-feira (11), Dia Nacional de Luta em defesa de Lula, mas a perseguição da polícia do governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) impediu.
A resistência e determinação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais foi o que garantiu o acampamento na capital federal, explica Elias D’angelo Borges, secretário de Política Agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
“A polícia perseguiu a gente o dia todo, não deixou o nosso povo dormir nem instalar o acampamento”, conta Elias.
“Tivemos de passar a noite em frente ao Palácio do Buruti [sede do governo do Distrito Federal] para conseguir uma audiência com o governador”.
A negociação garantiu ao movimento a instalação do acampamento no estacionamento do ginásio Nilson Nelson, onde se encontram cerca de 600 pessoas vindas de São Paulo, Bahia, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e Distrito Federal. Todos se revezam na organização da cozinha coletiva, do espaço destinado para cuidar da saúde dos militantes e na elaboração das atividades políticas e culturais.
“Assim como em Curitiba, adotamos o ‘Bom Dia, presidente!’ no acampamento de Brasília. Queremos mostrar ao Lula que mesmo distante, estamos perto”, disse Elias.
Programação no Acampamento Lula Livre
Em Fortaleza, segundo Josivaldo Oliveira, um dos coordenadores do acampamento, a partir deste sábado (14), uma brigada vai começar a fazer um diálogo diretamente com o povo pelas ruas do centro de Fortaleza e nos bairros, com distribuição de material de esclarecimento sobre a prisão injusta de Lula, incluindo a edição nacional especial do Brasil de Fato e a nota produzida pela CUT-CE.
Está sendo organizado também para o mesmo dia um ato em memória de um mês da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes. A concentração será no Estoril por volta das 16h.
Outra atividade programada para este sábado é a 20ª edição da Feira da Reforma Agrária. O dirigente do MST-CE, Manoel Missias Bezerra, explica que o movimento decidiu levar a Feira, que ocorre uma vez por mês no Ceará, para o acampamento.
“Unimos a resistência dos assentados e acampados do passado – com a venda da produção agroecológica dos assentamentos – aos resistentes que lutam neste momento em defesa da democracia e de Lula livre”.
Confira a programação completa deste sábado:
Marielle e Anderson Vivem!
6h – Alvorada
9h – Feira da Reforma Agrária do MST Ceará
10h – Debate político (MST/MTST/Marcha Mundial das Mulheres/Fórum /Setorial de Mulheres Rosa Luxemburgo
12h – Almoço coletivo e atração musical com Damas Cortejam
14h – Oficina de cartaz
15h – saída do acampamento de bicicleta para o ato
16h – Ato – entardecer com Marielle – ponto de encontro Estoril
Precisa-se de doação
Quem está distante e não consegue ficar permanentemente no acampamento pode ajudar fazendo doações. Toda doação é bem-vinda e é uma forma de fortalecer a luta, dizem os organizadores dos acampamentos.
Em Brasília, foi laçada uma campanha de doações. Itens como arroz, feijão, carne, legumes, verduras, macarrão e vários outros produtos poderão ser entregues em uma tenda específica no acampamento. Quem não puder ir ao local, tem a opção de fazer a doação em dinheiro, que será convertido em alimentos. Neste caso, a pessoa interessada deve acessar o site Vigília Lula Livre e seguir o passo a passo para doação.
Em Fortaleza, todas as doações podem ser entregues diretamente no acampamento (praça Murilo Borges – centro) ou na sede do PT Ceará (Av. da Universidade, 2189, Benfica).