Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Restaurantes e Bares da Baixada Santista e Vale do Ribeira - CNPJ 58.208.463/0001-23

Fundado em 23/03/1933

Filiado a:

A falência da educação brasileira

Falta de responsabilidade nos repasses e ausência de transparência dos estados na utilização de recursos provocam achatamento de salários e carreiras de professores e colocam a educação em risco

Fonte: CUT

systemuploadsnews72f7bb0d9a453f45554-700x460xfit-d372b

A Lei do Piso (11.738/2008) é muito clara ao estabelecer que professores e professoras da educação básica da rede pública de todo o Brasil devem ter seus salários reajustados anualmente, no mês de janeiro. Mas há uma distância entre o que diz a lei e o que praticam os governantes. É por isso que muitas greves vêm sendo deflagradas em vários estados e municípios reivindicando que governadores e prefeitos cumpram a lei.

Em Sergipe, a categoria parou por um dia nessa quarta-feira (9), reivindicando o reajuste que não é aplicado desde 2012. Para piorar a situação no estado, o pagamento dos benefícios dos aposentados atrasa frequentemente e, por duas ocasiões, foi parcelado.

A lei nunca foi cumprida totalmente no Brasil, mas o golpe, a retirada de direitos, a crise econômica e a aprovação da Emenda Constitucional 95/2017, que congelou os investimentos públicos, em especial nas áreas da educação e da saúde, por 20 anos, agravaram ainda mais a situação, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE), Heleno Araújo.

“O congelamento de gastos afetou muito o repasse de recursos aos estados que já não cumpriam itens da lei, como a jornada de 40 horas semanais e a jornada de um terço de atividades extraclasse”.

Segundo Heleno, quem cumpria a lei em 2010, 2011 e 2012, começou a ter problemas por falta de recursos, “o que provocou o achatamento na carreira e nos salários, casos de Pernambuco e Sergipe”.

Sem os reajustes, os professores e professoras que possuem formação superior passaram a receber quase os mesmos salários daqueles que têm nível médio. No caso de Sergipe, ambos recebem em torno de R$ 2.544,00.

O dirigente cita também a Lei da Terceirização (13.429/2017), aprovada no ano passado, como outro fator agravante. Ele explica que, como a rede estadual não realiza mais concursos públicos e contrata profissionais  por meio da terceirização com salários ainda menores. E ainda há projetos de lei tramitando em vários municípios, propondo a redução da jornada e dos salários dos concursados, ressalta o dirigente.

Para Heleno Araújo, o cenário é de precarização total da educação brasileira. Ele conta que mais da metade dos professores e professoras da rede pública são ou temporários ou terceirizados e que, com a reforma Trabalhista, o cenário de redução de direitos se consolida.

“Temos redes estaduais em que 44% do efetivo é de temporários, com salários menores que o piso. A lei que determina os reajustes não é aplicada aos trabalhadores nessa condição e como os contratos, nesse caso, podem ser rescindidos por qualquer uma das partes, o governo usa de pressão para manter professores trabalhando com salários menores”.

Driblando o concurso público

Heleno Araújo diz que a terceirização, nos casos das contratações, é a principal vilã porque, junto com a reforma Trabalhista, veio para precarizar ainda mais o trabalho e eliminar a necessidade do concurso público, que dá aos trabalhadores o direito do reajuste pela Lei do Piso e a perspectiva de carreira, estabelecida pela meta 19 do Plano Nacional de Educação (PNE).

A meta determinava que até junho de 2016 deveria haver um projeto de regulamentação tanto para a lei do novo piso nacional, como para a Lei de Diretrizes de Carreira para a categoria.

“Tudo isso ficou nulo graças à reforma e à terceirização, que atacaram esses direitos”, critica o dirigente.

A culpa é de quem?

Governo Federal e governos estaduais têm responsabilidade sobre a situação em que se encontra a educação no Brasil.

O governo Federal aprovou o congelamento de gastos públicos por 20 anos e já no primeiro ano a medida teve um impacto significativo. O orçamento para a educação em 2017 foi de R$ 6,6 bi. Esse valor foi reduzido em 32% e caiu para R$ 4,5 bi, em 2018.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE), Heleno Araújo, reforça que a responsabilidade da União com os repasses recai sobre as políticas de valorização profissional, salário e carreira.

Falta transparência nos estados

O parágrafo 5° do artigo 69 da Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional determina que todos os recursos da educação devem ser geridos pela Secretaria de Educação dos estados. Mas não é o que acontece, segundo Heleno Araújo.

Ele denuncia que os recursos vão para as pastas da Fazenda e para a conta única do estado e eles “usam como querem esses recursos, em outras políticas que beneficiam a elite, os bancos e os empresários. A falta de transparência traz um grande prejuízo à sociedade”.

Mobilização

Para Heleno Araújo, a população precisa entender que a precarização da educação terá efeito em toda a sociedade em curto prazo, por isso é necessária uma reação geral em defesa da educação de qualidade e da valorização profissional.

“Todos têm que protestar e exigir transparência do poder público. Pagamos impostos para que sejam corretamente aplicados, em especial ao atendimento à população. Se não for assim, perderemos muito. Quando a gente deixa de ministrar aulas, sofrem as crianças, os jovens e as famílias”.

Heleno Araújo alerta que toda uma futura geração pode ser afetada se prevalecer o descaso dos governos Federal e estaduais com a educação.

Conferência

De 24 a 26 de maio, em Belo Horizonte, será realizada a Conferência Nacional Popular da Educação, a CONAPE-2018. Para o presidente da CNTE, quanto mais pessoas participarem, mais será possível colocar, de fato, a educação como política prioritária.

Compartilhe

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter
Share on linkedin
Share on pinterest
Share on email
Share on print
WeCreativez WhatsApp Support
Envie sua mensagem
Olá, como podemos ajudar?