A disparada dos preços do botijão de gás em meio à pandemia do novo coronavírus, que agravou a crise econômica e aumentou as taxas de desemprego e de informais sem renda, está levando mais famílias brasileiras a cozinhar com carvão, álcool e no fogão à lenha, correndo os riscos de acidentes que essas opções costumam causar.
Além disso, levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) revela que o prato mais tradicional da mesa dos brasileiros –arroz, feijão, carne, ovo, batata frita e salada– está, em média, 23% mais caro que há um ano.
De acordo com a pesquisa, os preços que mais aumentaram em um ano foram os do arroz (61%), e do feijão preto (69%). O feijão carioca subiu 20%. O valor do botijão chega a R$ 120, o que equivale a 12% do salário mínimo.
A disparada de preços, tira da mesa dos brasileiros os produtos que eles consomem com mais frequência, segundo Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil (POF 2017/2018), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre as preferências dos brasileiros à mesa.
Temas como as disparadas dos preços dos alimentos e do gás de cozinha estão entre as pautas do 1º de Maio da CUT, que neste momento de drama social vai defender a redução do preço do gás de cozinha no Congresso Nacional.
O 1º de maio será um momento de reflexão e também de denúncia sobre a situação da classe trabalhadora brasileira e uma das principais preocupações dos trabalhadores do país neste momento é o custo absurdo do preço do gás, avalia Roni Barbosa, petroleiro e secretário nacional de Comunicação da CUT.
A alta dos preços do botijão de gás tem deixado mães e pais de famílias desalentados. Famílias de uma pessoa só, que tem acesso a apenas R$ 150 de auxílio emergencial, por exemplo, terão dinheiro apenas para comprar itens de higiene pessoal, que vai custar em média R$ 76,26 e limpeza da casa (R$ 46,81). Sobra apenas R$ 28,93, que dá para comprar um pacote de 5 quilos de arroz e menos de 1 quilo de feijão. Só para comprar alimentos básicos, como arroz, feijão, carne e outros 25 itens que entram na composição da cesta de comida, o valor ultrapassa os R$ 800.