Com o velho discurso de que o trabalhador brasileiro com carteira assinada tem excesso de direitos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, que em três anos e cinco meses não apresentou uma proposta sequer de geração de emprego e renda, acenou em evento com empresários, nesta semana, que o governo de Jair Bolsonaro (PL), pode diminuir ainda mais esses encargos. Ou seja, vai retirar direitos para supostamente abrir novas vagas de emprego.
Hoje, cinco anos após a entrada em vigor da reforma Trabalhista do governo golpista de Michel Temer (MDB-SP), que prometia criar mais de 6 milhões de empregos em troca da extinção de mais de 100 direitos contidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a taxa de desemprego passa de dois dígitos e atinge quase 12 milhões de trabalhadores mesmo com trabalhador formal, mas sem carteira assinada, contrato intermitente e outras modalidades de bicos legalizadas pela reforma do ilegítimo.
“Já está comprovado que tirar direitos não gera vagas de empregos. É uma falácia. Estão roubando os trabalhadores”, acusa Valeir Ertle.
A mesma linha de crítica tem Ariovaldo Camargo. Segundo ele, o governo dá continuidade a uma política de quem paga a conta da crise é o trabalhador. “Esta crise foi criada por um governo sem capacidade de lidar com a pandemia, com o desemprego, por um governo que só sabe diminuir o custo para o empregador. Toda vez que um governo vai mal, os ricos se beneficiam. É bom para os empresários e muito ruim para o conjunto dos trabalhadores, que paga a conta da crise criada pelo próprio governo”, diz.
O perigo do governo retirar ainda mais direitos para atender aos maus patrões é real, acredita Ariovaldo. Para o dirigente, é óbvio que Guedes atua como representante do empresariado, por sempre tomar essas decisões sem consultar as entidades sindicais que representam a classe trabalhadora.
“Nós queremos que este governo, em final de mandato, sem credibilidade, cesse qualquer debate sobre regulamentação, alteração de legislação trabalhista, e que permita que o próximo governo possa estabelecer de fato o que a sociedade quer, a proteção salarial e trabalhista”, conclui Ariovaldo.