O pagamento de até um salário mínimo (R$ 1.100) do abono salarial do PIS/PASEP relativo a 2020, que deveria ser feito a partir de julho deste ano, foi adiado para o início de 2022. Quem ainda não recebeu o pagamento relativo a 2019 vai receber normalmente nas datas programas, porque este calendário não muda.
A decisão deste adiamento foi provocada após a Controladoria Geral da União (CGU) apontar supostas irregularidades no pagamento do abono salarial na ordem de R$ 972 milhões, no ano passado. Segundo o órgão, é possível que tenha havido pagamentos duplicados, relação de nomes de pessoas que já teriam morrido, dados de pessoas e da empresa incorretos, ou inclusão de pessoas que não tinham direito, entre outras irregularidades.
Uma auditoria será feita para verificar se de fato houve pagamentos indevidos. Por isso, o Ministério da Economia decidiu retroceder a auditoria aos últimos cinco anos, com o cruzamento de centenas de milhões de dados.
Diante das suspeitas da CGU e para evitar novos pagamentos indevidos sejam feitos, só restou ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), formado por uma comissão tripartite de representantes do governo, empresários e trabalhadores, aceitar a proposta do governo de adiamento do pagamento.
O representante dos trabalhadores no Codefat, Quintino Severo, dirigente da CUT, lamenta a decisão unânime do Conselho, principalmente, em função da crise econômica por que passa o país.
Segundo Scherer, economista do Dieese, com o adiamento do pagamento do abono deixam de entrar na economia do país só no segundo semestre deste ano R$ 9,9 bilhões. Como o pagamento do abono é feito em meados de um ano e termina em outro, o orçamento para o programa prevê um custo total de R$ 20 bilhões.