O risco de contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19), em transportes públicos é um dos principais temores da maioria dos brasileiros que precisam se locomover para chegar ao trabalho usando ônibus, trens e metrô. O risco aumentou mais ainda, em especial nas capitais e grandes cidades do interior, desde que a economia começou a ser reaberta e ônibus e trens ficaram superlotados, sem que as autoridades locais tivessem implementado um plano efetivo para proteger a vida dos usuários e trabalhadores do setor. Pesquisa realizada pela Agência Senado, entre os dias 27 e 29 de maio revelou que 89% dos entrevistados avaliam que há muito risco de contrair o vírus. Outros 10% acreditam em pouco risco e 1% não souberam ou preferiram não responder.
Uma análise feita pela Rede Pesquisa Solidária, coordenada pela Universidade de São Paulo (USP), mostra que 40% da população economicamente ativa utiliza o transporte coletivo para ir e voltar do trabalho, sendo que essa taxa chega a 60% entre os mais pobres e passa a ser menor do que 20% entre os mais ricos. Ainda de acordo com a pesquisa, as populações periféricas das cidades dependem mais do transporte público e, por isso, estão sujeitas a taxas mais elevadas de lotação.
Desde o início da pandemia, em março deste ano, as estratégias de governadores e prefeitos têm se limitado a redução das frotas em épocas de restrições mais rígidas de circulação mais como forma de equilibrar as contas, já que o setor sofreu uma redução no de até 80% no número de passageiros nos primeiros meses da crise sanitária.
Na capital paulista, o retorno de 100% da frota às ruas só aconteceu após uma ação judicial promovida pelo Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário e Urbano de São Paulo (Sindmotoristas), que exigiu o retorno das operações. No dia 16 de julho, a decisão da Justiça determinou que 100% da frota retornasse às atividades, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), evitar lotação e aglomeração é o caminho mais seguro para se proteger do novo coronavírus, mas como a grande maioria da população não tem outra opção a não ser o transporte público, deve-se evitar horários de pico, em que esses transportes estão mais cheios. Outros cuidados básicos necessários e já de conhecimento da população, são reforçados como o uso de máscara, evitar tocar boca e nariz, nariz e evitar tocar os cabelos. Se tiver álcool em gel, passar nas mãos ao longo da viagem e assim que sair do veículo, bem como, ao chegar no destino, lavar as mãos e o antebraço com água e sabão, além de manter distância entre as pessoas. Por isso, o ideal é que os passageiros não fiquem muito próximos, evitando especialmente os que apresentem sintomas de gripe como espirro ou tosse.